Poemas do Mindfulness
Dentro do ritmo contínuo da vida, os poemas emergem como refúgios de clareza e introspecção.
No contexto do Mindfulness, eles não são meramente palavras arranjadas de forma artística, mas sim bússolas que nos guiam através das paisagens internas da consciência.
Eles capturam a essência dos princípios do Mindfulness, servindo como pontes entre o intangível e o tangível, entre o que sentimos e o que conseguimos expressar.
Através destes versos, somos convidados a refletir, sentir e aprofundar nossa conexão com o momento presente, permitindo-nos abraçar nossas emoções, pensamentos e sentimentos com maior autenticidade e compaixão.

Destaques:
Por favor, me chame pelos meus verdadeiros nomes
não diga que eu vou partir amanhã
porque até hoje eu ainda estou chegando.
Olhe profundamente; eu chego em cada segundo
para ser um broto em um ramo de primavera
para ser um pequeno pássaro, com asas ainda tão frágeis
aprender a cantar em meu novo ninho
para ser a lagarta no coração da flor
a ser uma joia em si escondendo em pedra.
Eu ainda chego para rir e para chorar,
Para temer e para ter esperança,
o ritmo do meu coração é o nascimento e morte de todos os que estão vivos.
Estou metamorfoseando na superfície do rio,
e eu sou o pássaro que, quando chega a primavera, chega a tempo de comer a fruta
Eu sou o sapo nadando alegremente nas águas claras da lagoa,
e eu também sou o capim-cobra que,
aproximando-se em silêncio, se alimenta no sapo.
Eu sou a criança de Uganda, toda pele e ossos,
minhas pernas finas como palitos de bambu,
e eu sou o mercador de armas vendendo armas mortais para Uganda.
Eu sou a menina de 12 anos, refugiado em um pequeno barco,
que se atira no oceano depois de ser estuprada por um pirata do mar,
e eu sou o pirata, meu coração ainda não é capaz de ver e amar
Eu sou um membro de uma gangue, com muita potência nas minhas mãos,
e eu sou o homem que tem que pagar sua “dívida de sangue” para o meu povo,
morrendo lentamente num campo de trabalhos forçados.
Minha alegria é como a primavera, tão quente que faz flores florescem em todas as esferas da vida.
Minha dor é como um rio de lágrimas, tão cheio que enche os quatro oceanos.
Por favor, me chame pelos meus verdadeiros nomes,
para que eu possa ouvir todos os meus gritos e minha risada de uma vez,
para que eu possa ver que a minha alegria e dor são um.
Por favor, me chame pelos meus verdadeiros nomes,
para que eu possa acordar,
e por isso a porta do meu coração pode ser deixada em aberto,
a porta da compaixão.
Há dias e dias Há dias em que sou águia, voo. Há dias em que sou mãe leoa, rosno e caço. Há tantos outros em que sou beija-flor, me alimento só de flores. Há dias em que apenas sou, entrego e aceito. Em outros dias sou sol, brilho. Já em outros sou chuva, choro. De repente sou arco-íris, dou a volta por cima. Mas, há dias em que brinco de ser água de córrego para aprender a fluir. Busquei o silêncio, fui borboleta. Também experimentei ser gota de orvalho e sumi. Depois de tudo isso, vi o tempo passar, me vi nuvem, passei. Lembrei que dormia, despertei.
Esperança, te quero como minha irmã, minha companheira.
Que possas estar presente em minha vida
Em cada pequeno passo que dou.
Que eu não me perca de ti, e não te abandone.
Ah, esperança, me guie a cada amanhecer.
Que eu te abrace diariamente
Para que eu possa sentir um frescor
Ainda que leve e suave, da tua presença.
E assim possa aceitar humildemente que não sou perfeita
Que não posso salvar o mundo
Nem a mim mesma, quanto mais o outro.
E que na humildade aceite tudo o que acontece
Porque nada é por acaso
E tudo tem um sentido nesta vida.
Que eu possa reconhecer e aceitar o amor bondade em mim.
Para que assim eu permita que ele alcance aonde não posso chegar. Para que ele abrace quem não consigo abraçar.
Para que ele cure quem eu não posso curar.
Que este amor bondade
Envolva todas as pessoas que eu amo
Bem como a todos os seres do universo.
E junto com a esperança
Possa trazer saúde, segurança, felicidade e paz interior.
Gratidão.
O ser humano é uma casa de hóspedes
onde todas as manhãs há uma nova chegada.
Uma alegria, uma depressão, uma mesquinharia,
uma percepção momentânea chega,
como visitantes inesperados.
Receba e entretenha a todos!
Mesmo que seja uma multidão de tristezas,
que varre violentamente sua casa
e a esvazia de toda a mobília,
ainda assim trate seus hóspedes honradamente.
Eles podem estar te limpando você
para a chegada de um novo deleite.
O pensamento escuro, a vergonha, a malícia,
receba-os sorrindo à porta, e convide-os a entrar.
Seja grato a quem vier
porque todos foram enviados
como guias do além.
Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei, nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.
Todos os Poemas:
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento…
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural…
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva…
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica…
Assim é e assim seja …
Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas.
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não, não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exatamente aonde o meu braço chega –
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras.
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa.
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.
De repente tudo vai ficando tão simples que assusta…
A gente vai perdendo as necessidades, vai reduzindo as bagagens…
A opinião dos outros, são realmente dos outros, e mesmo que sejam sobre nós, não tem importância…
Vamos abrindo mão das certezas, pois já não temos certeza de nada…
E, isso não faz a menor falta…
Paramos de julgar, pois não existe o certo ou errado e sim a vida que cada um escolheu experimentar…
Por fim entendemos que tudo que importa:
é ter paz e sossego,
é viver sem medo,
é fazer o que alegra o coração naquele momento…
Ando pela rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio.
Estou perdido… sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Vejo que ele ali está
Ainda assim caio… é um hábito.
Meus olhos se abrem.
Sei onde estou.
É minha culpa.
Saio imediatamente.
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Dou a volta.
Ando por outra rua.
Tocar os pés no chão
Pisar na terra
Conectar-se com a Grande Mãe
Mãe-Terra
Mãe de pretos(as), de brancos(as), de amarelos(as)
Mãe de todos os povos
Mãe de todo reino animal, vegetal e mineral
Mãe-Natureza
Tocar os pés na terra
Pisar no céu
Uma viagem ao infinito
É como unir-se ao Cosmo
Cosmo, universo
Um globo, redondo, vivo
Como uma mandala
Emanando cores cintilantes, energia, vida
Tocar os pés na grama
Terra, chão, equilíbrio e vento
E sentir os olhos lacrimejarem
Água, rio, oceano
E desaguar no mar
As dores e os amores
E se permitir transformar
Gotas, lágrimas e sorrisos
E assim, no oceano
Velejar, amar
E se confundir com o mar
E depois deste mergulho
Novamente pisar a grama, a Terra-Mãe.
Me permito fechar os olhos
Inspirar e expirar
No aqui e no agora
E no presente, me observo
De olhos fechados
Sinto a respiração
O ar me envolve
E me acolho
Pratico um respiro empático
As sensações se evidenciam
Exercito o não julgamento
E me aceito
Neste gesto de gentileza comigo mesma
Reconheço minha humanidade
Sou plena atenção
Eu sou presença
E me abraçando
Neste autocuidado
Meu corpo vibra, inspira amor
E exala autocompaixão.
E se não houver necessidade de mudar, de tentar se transformar em uma pessoa mais bondosa, mais presente, mais amorosa e mais sábia?
Como isso afetaria todos os aspectos da sua vida nos quais você está incessantemente procurando ser melhor?
E se a tarefa for simplesmente desabrochar, se tornar quem você já é na sua natureza essencial – uma pessoa meiga, bondosa, capaz de viver de modo pleno e de estar intensamente presente?…
E se a questão não for: por que é tão raro eu ser a pessoa que quero ser e, sim, por que é tão raro eu querer ser a pessoa que realmente sou?
Como isso mudaria o que você acha que precisa aprender?
E se o fato de nos tornarmos quem e o que verdadeiramente somos não acontecer por meio do esforço e da tentativa, e sim por reconhecermos e aceitarmos as pessoas, os lugares e as experiências que nos oferecem o calor do incentivo que precisamos para desabrochar?
Como isso moldaria as escolhas que você faz a respeito de como viver o momento presente?
E se você soubesse que o impulso para agir de uma maneira que irá criar a beleza no mundo surgirá bem no seu íntimo e servirá de orientação sempre que você simplesmente prestar atenção e esperar?
Como isso moldaria a sua quietude, o seu movimento, a sua disposição de seguir esse impulso, de apenas se entregar e dançar?
Um dia você finalmente descobriu
o que tinha que fazer e então começou,
mesmo que as vozes ao seu redor
continuassem gritando maus conselhos-
mesmo que a casa inteira começasse a tremer
e você sentisse aquele velho puxão
nos seus calcanhares,
“Corrija a minha vida!”
gritava cada voz.
Mas você não parou
você sabia o que tinha que fazer,
mesmo que o vento se espreitasse
com seus dedos firmes
nos todas as suas forças,
mesmo que a melancolia fosse terrível
Já era tarde o suficiente, a noite deserta,
a estrada cheia de galhos e pedras caídas.
Mas pouco a pouco,
ao deixar aquelas vozes para traz,
as estrelas começaram a brilhar
por entre as camadas de nuvens,
e então, havia uma nova voz
a qual você lentamente
reconheceu como sua,
que fez companhia pra você
enquanto você avançava cada vez mais
profundo dentro do universo,
reservado para você fazer.
a única coisa que você poderia fazer-
reservado a você salvar
a única vida que você poderia salvar.
Estamos chegando,
Lentamente,
Com jeito de quem planta com carinho.
Removendo pequenas pedras
Desobstruindo o caminho.
Nossa árvore vicejará
Com raízes profundas e bem adubadas,
De tantos anos no buraco
Nossa vitória é irreversível,
Atingiremos os mais altos topos
Da floresta espessa.
E quem ainda não viu,
Pode começar a se acostumar
Com a mudança da paisagem.
Estamos crescendo sadios,
Imunes a temporais e furacões,
Atingimos, a cada dia, novos patamares,
trazemos conosco a experiência necessária
De lutas passadas, vitórias e derrotas,
Nossa mais incrível imunologia